Carlos Franco Mister Brasil CNB 2016 alcançou o top 5 no Mr World 2019
01- Como é lidar com o favoritismo em concursos de beleza masculino?
Carlos Franco Mister Brasil: Tem candidatos que chegam como favoritos e muitas pessoas acompanham de longe, por fotos e redes sociais, e no concurso é muito diferente.
Pois quem não vai preparado e vai com o pensamento que «tenho um corpo bom e irei ganhar», acaba quebrando a cara e isso não é culpa dos candidatos, mas da organização e de seus coordenadores.
Tem muitos que estão em seus primeiros concursos e cabe aos seus coordenadores, auxiliarem de como eles devem agir.
Em questão dos Hot Picks. é algo muito bom, pois é gratificante ver que pessoas estão apostando em mim, e me inspira a sempre dar o meu melhor.
02- Como é lidar com as críticas na internet?
Carlos Franco Mister Brasil: Pessoas que criticam e que nunca acompanharam o concurso e só acompanham por fotos e redes sociais, não interfere em nada na minha vida pois as pessoas gostam de julgar muito e serem negativas.
Apenas irei me importar quando a organização vier me falar algo, pessoas que confiam e conhecem o meu trabalho.
03- Quem você achava que iria ganhar o Mister World 2019?
Carlos Franco Mister Brasil: Eu já tinha falado em algumas lives e também no canal do Youtube que pra mim o “Jack” não era o vencedor.
Assim como eu não me considerava, pra mim o vencedor era o Mister África do Sul, pelo concurso que ele fez, e pela pessoa que ele era com os outros participantes e comigo.
Quando o Mister África do Sul foi chamado em 2° lugar, minha perna ficou bamba e pensei «será que ganhei», bateu um desespero pois não estava pronto para ganhar.
No Mister São Paulo estava esperando falarem meu nome, no Mister Brasil estava confiante na hora do anúncio, e no Mister World quando eu vi que poderia ganhar, eu não sabia qual seria minha reação e nem como seria o meu discurso.
Quando chamaram o “Jack”, eu disse «ufa», fiquei aliviado.
Algumas pessoas reclamaram da vitória dele, eu particularmente não vi o concurso dele, pois estava focado nos favoritos e revendo o concurso.
Ele sempre estava ali, junto com os favoritos e ele está fazendo um reinado incrível. Infelizmente ele não conseguiu viajar por causa da pandemia.
Mas conosco no grupo ele é super comunicativo, ele faz lives, manda notícias e ainda traduz para os candidatos que não falam em inglês.
Ficamos focados nos favoritos e acabamos esquecendo dos que estão subindo.
Aconteceu isso no Mister Brasil 2016 de candidatos que não eram favoritos chegarem no top 5.
No Mister World o Mister Espanha era mega favorito,
Ele era belíssimo, eu mesmo dizia pra ele, porém infelizmente ele não era tão carismático e simpático, não era proativo e não falava inglês.
Porém nas provas ele ia muito bem, mas o confinamento contou muito.
Ele liderava a grande maioria dos Hot Picks, mas era muito diferente no concurso. O meu top 3 no concurso era África do Sul, Mexico e Brasil.
O mexicano era um forte candidato, fazia um concurso muito parecido com o meu, assim como o Mister Republica Dominicana, looks parecidos e muito carismático.
Eu tentei fazer contato com todos os candidatos, tinha muitos que estavam lá por seus sonhos e o grupo dos favoritos estava sempre muito junto.
04- Como foi a sua experiência no Mister World?
Carlos Franco Mister Brasil: Foram uma das melhores experiências da minha vida, mudou muito a minha visão, pois temos que nos adaptar para várias situações.
Inclusive para os imprevistos como a cirurgia que tive que passar durante o confinamento.
Isso acabou com a minha confiança e auto estima, pois fiquei 3 anos esperando e trabalhando para chegar com o psicológico bom e em 1 semana acabou tudo.
Mas aí vem de você ter uma boa base, eu conversava bastante com a minha família, meus amigos, a coordenação e me transmitiam muita confiança.
05- Como foi passar por uma cirurgia em meio ao confinamento do Mister World 2019?
Carlos Franco Mister Brasil: Na maioria dos eventos eu estava topado devido aos antibióticos. Inclusive na prova física, chegaram a me falar que eu não precisava fazer, mas continuei firme e participando de todas as provas.
Por mais que ficasse em último queria tentar, pois era meu objetivo ganhar. Em algumas provas exigiam força e energia, e devido a cirurgia não tinha.
As viagens longas, a rotina cansativa e saber que estava sendo avaliado 24 horas por dia durante o confinamento, as vezes estava com mau humor devido aos antibióticos e o cansaço, mas tentava manter a simpatia.
Foi algo que me abalou, pois estamos trabalhando com a estética e o visual e quando me olhava no espelho não me reconhecia.
Ligava para a Paula chorando, todos acabavam as atividades e jantares e iam para a piscina e Karaokê e eu não conseguia sair do quarto.
Porém tive muito tempo comigo mesmo, conversava com Deus e tentava entender o motivo, estava cercado de vários candidatos de diferentes países, todos bonitos.
Cada um com o seu potencial e seu estilo e talvez se isso não tivesse acontecido eu não teria me destacado, pois passei muito tempo com a organização, com a Julia Morley.
Eles iam comigo ao hospital, todos os dias conversavam comigo, a Julia Morley me tratou como um filho.
Foi uma experiência de autoconhecimento, muito mais que um título ou uma colocação, pois eles conheceram em todas as versões.
06- Como foi o momento da entrevista no Mister World 2019?
Carlos Franco Mister Brasil: Na entrevista estava muito nervoso, quando cheguei eles me disseram que queriam conhecer quem realmente eu era.
Quando comecei a falar a Julia Morley me interrompeu e começou a contar tudo sobre mim, meus projetos, sobre o Karatê, sobre a minha família.
E algo que me deu muita força para a final foi a Julia Morley, dizer que eu era um guerreiro, e que muitos que estivessem no meu lugar já teriam ido embora.
O próprio médico que me acompanhou disse que tinha me acompanhando nas consultas e cirurgia e que era uma pessoa muito forte.
Pois realizei a primeira cirurgia sem anestesia porque não queria ficar topado por conta do ensaio.
Nesse dia os candidatos iriam conhecer o local da final e eu queria muito participar, e com todas as minhas limitações físicas.
Estava presente em todos os momentos do concurso e que realmente eu queria muito estar lá. Logo após que ouvi isso, fiquei muito emocionado.
Alguns candidatos como o Mister África do Sul que era médico, falava pra mim que até a final eu estaria lindo e recuperado e me incentivou em todos os momentos,
Outros candidatos falavam que não.
Eu fui o único do top 12 que não estava no top 5 de nenhuma das provas, entrei só pelo confinamento, por ser proativo e tentar dar o meu melhor sempre.
Sempre falo isso para os candidatos que no concurso não vale só a prova, mas sim tudo que você faz para chegar até lá.
Pois não adianta ganhar uma prova e não ser uma boa pessoa e não tratar todos bem.
07- Você acha que existe muita competitividade em concurso de mister?
Mister Brasil: Existe, como em qualquer outro concurso, porém é muito diferente de concurso de miss.
O Mister Brasil 2016, ocorreu junto com o Miss Mundo Brasil 2016 e você via muita rivalidade entre as misses até no olhar.
Já os misters eram todos mais amigos e andavam sempre juntos e se ajudavam.
Mas quando acaba o concurso a história muda, as misses viram amigas já os misters mexe muito com o ego masculino.
As vezes não entendem que o ganhou era o mais preparado e que nem só a beleza ou o corpo é fundamental.
No Mister World 2019 não aconteceu isso, apenas depois da final algumas pessoas ficaram surpresas pela vitória do “Jack”.
Quando acaba o concurso os homens se afastam, mas ainda tenho contato com os candidatos do Mister Brasil 2016, temos um grupo no WhatsApp.
O8- O que você acha de Mister homofóbico?
Mister Brasil: Não são mister, qualquer pessoa homofóbica não deveria ter voz, qualquer ato e fala homofóbica é inaceitável.
Seja por uma questão racial, de gênero, ou orientação sexual e se a pessoa que cometer esse ato, for um mister ou qualquer outra pessoa para mim.
Não tem vez e deve ser sim denunciado e pagar por ato de discriminação que cometeu.
Hoje em dia não pode ocorrer mais isso, pois vem de pessoas mal amadas, que não se amam e não suportam ver a felicidade dos outros.
Independente se for um relacionamento heteroafetivo ou homoafetivo, o importante é que tenha amor.
09- Para você é importante um mister estar engajado em projetos sociais e apresentar durante o concurso?
Mister Brasil: Claro, pois tem que mostrar que um mister não é só um corpo ou um rosto bonito.
Ele é representatividade e por meio dos projetos sociais ele ira conseguir usar a sua voz e poder que ele tem como mister.
Quando fui embaixador no combate da Hanseníase, eu não tinha dinheiro e nem tinha conhecimentos médicos para ajudar aquelas pessoas.
Mas usei da divulgação e da minha voz para falar o que eles estavam passando e que precisavam de ajuda.
Então esse é o nosso poder e papel, de levar para as pessoas a importância do projeto social a nível de um concurso nacional.
E dar voz e conhecimento a esse projeto, pois varias pessoas de outros países acompanham o concurso.
Algo muito importante e deveria ser obrigatório.
10– Qual o perfil que o Mister Brasil e o Mister World buscam para se tornar ganhador?
Mister Brasil: O concurso nacional não fica atrás do internacional, pois as provas e os confinamentos são bem parecidos, são atividades todos os dias. Então o que é feito aqui em uma semana, lá é em um mês.
Ensaios mais, temos mais presenças em eventos, tem as provas. No Brasil, tem uma grande diversificação dos ganhadores, pois tem oriental, negro, loiro e só está faltando um indígena.
Todos os ganhadores tem o mesmo perfil, simpáticos, carismáticos, e empenhados em seus projetos.
Pós o reinado todos se deram muito bem, e são muito gratos por terem feito parte da história. E quando você vai para um concurso internacional, e fala que representa o Brasil, as pessoas amam.
Então acredito que eles buscam, um mister que represente algo, que não seja só um corpo e entenda que o concurso não é só isso.
O exemplo disso é a vitória do Jack.
Assim como acredito que a CNB não errou em nenhum ano e independente do perfil estético, todos tem o mesmo caráter e são pessoas que são fáceis de trabalhar.
11- Você acredita que é um fator importante o Mister falar inglês? E quando isso é cobrado no concurso?
Mister Brasil: Deveria ser mais cobrado no nacional, a língua mundial é o inglês e como você quer ser representante da beleza mundial se você não fala a língua mundial.
E não tem como ter um tradutor 24 horas durante o confinamento, pois querendo ou não é um gasto para a organização.
Eu nunca fiz um curso de inglês e morar fora me ajudou bastante, a própria Julia Morley me elogiou pelo inglês e disse que não era minha língua mãe e que não pode cobrar um inglês
Igual dos nascidos lá. A maioria dos latinos não falam inglês pois é algo muito caro, eu estudei em uma escola pública e o máximo que sabia era o “Verbo to be”.
Então deveria ser algo mais cobrado, inclusive desde o estadual pois hoje em dia é muito importante, os misters devem se atualizar e saber se comunicar bem.
12- Como você segurou sua ansiedade de esperar tanto tempo para ir pro Mister World?
Mister Brasil: Não segurei, já estava frustrado pois sempre marcavam uma data e trocavam, foram três anos esperando e os meus próprios patrocinadores já não estavam mais acreditando que iria.
Sou bastante ansioso pra tudo.
13- Como foi a escolha do seu traje típico?
Mister Brasil: Queríamos levar algo que não fosse ligado ao carnaval, futebol e capoeira. Pensei em levar algo do Katatê mas não era típico do Brasil.
Então estávamos perto de comemorar a proclamação da república e pensamos no Dom Pedro, que foi uma pessoa importante na história do Brasil, porém ele era português.
Então juntamos Dom Pedro e o samba, então contamos sobre a história do Brasil.
14- Qual dica você daria pra quem quer ser mister?
Mister Brasil: Estude concursos, se estude, tenha um autoconhecimento e independente da franquia estude o perfil dos ganhadores.
Se você se encaixa no perfil e se vale a pena se encaixar. E que seja um concurso sério, que tenha continuidade como o nacional e internacional.
Pois você precisar dar o seu melhor e para saber tem que estudar muito.